Corpos de quebradeiras de coco babaçu são localizados com sinais de violência em Novo Repartimento

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A Polícia Civil do Pará investiga as mortes de Antônia Ferreira dos Santos e Marly Viana Barroso, encontradas sem vida na noite de segunda-feira (3) em uma área rural do município de Novo Repartimento, sudeste do estado. As duas haviam saído de casa pela manhã para trabalhar na coleta de coco babaçu, atividade que realizavam rotineiramente, mas não retornaram no horário previsto.

Familiares chegaram a divulgar mensagens nas redes sociais pedindo ajuda para localizá-las. As buscas terminaram por volta das 22h, quando os corpos foram encontrados próximos à estrada do Polo Pesqueiro, a cerca de dois quilômetros do matadouro municipal.

Segundo informações repassadas à polícia, as vítimas apresentavam ferimentos profundos no pescoço, possivelmente provocados por arma branca. Uma delas estava parcialmente despida, levantando a suspeita de violência sexual. Perto dos corpos havia um monte de frutos de babaçu e uma madeira usada para quebrar as cascas, o que indica que as mulheres estavam trabalhando no momento em que foram atacadas.

A Polícia Científica de Tucuruí realizou a perícia no local, e os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), onde passam por exames que devem confirmar as causas das mortes. Até esta terça-feira (4), ninguém havia sido preso ou identificado como suspeito.

As mortes causaram forte comoção entre os moradores de Novo Repartimento e também entre movimentos sociais ligados ao extrativismo. O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) divulgou uma nota de repúdio, expressando profunda dor e indignação com o crime.

Na manifestação, o MIQCB destacou que Antônia e Marly eram mulheres trabalhadoras, responsáveis pelo sustento da família e pela preservação da floresta. “Foram arrancadas da vida e da comunidade que ajudavam a sustentar”, diz o texto.

O movimento afirmou ainda que o assassinato representa “uma violência contra o corpo e a história de quem resiste e mantém viva a tradição do babaçu”, e cobrou do governo do Pará e das autoridades competentes uma investigação rápida e punição dos culpados.

“Nenhuma mulher deve morrer por buscar o sustento no babaçu”, encerra a nota, que também presta solidariedade às famílias das vítimas.

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